#Entrevista: Velson D’Souza se revela um verdadeiro ‘Silvio Santos’ e topa tudo pela arte

De volta ao país após 10 anos morando e trabalhando nos Estados Unidos, o ator Velson D’Souza soma mais de 40 trabalhos no currículos, entre peças, musicais, filmes, novelas e locuções, os novos desafios são: se reinventar durante o isolamento social e dar vida ao projeto digital “Home Office”.

BRASIL x EUA
Acostumado a passar no máximo três semanas no país, o retorno foi um pouco estranho, já que estava adaptado à rotina em Los Angeles. O motivo de sua volta foi o convite para protagonizar o musical ‘Silvio Santos Vem Aí’. “A ficha só foi caindo quando começamos os ensaios e eu já tinha passado um mês e meio em São Paulo.

As maiores dificuldades encontradas foram a nova rotina e a alimentação: “Estava acostumado a usar certos ingredientes e comer certas coisas que encontrava com facilidade lá, e aqui tem sido um pouco mais difícil de encontrar.”  

Eu tinha uma rotina regrada lá e eu gosto de estruturas sabe?! Gosto de estruturar meus dias, de ter uma rotina certinha. E aqui eu ainda estou tendo dificuldade de encontrar uma rotina mais regrada. Acho que é mais questão de adaptação mesmo. Quando eu estava quase encontrando uma estrutura que eu gostava, veio a pandemia.

Uma das maiores saudades de Los Angeles é a caminhada ao ar livre, próximo a montanhas e a beira mar, já que morava em L.A. há 40 minutos destes paraísos naturais, sem haver a necessidades de subir e descer a serra. Em compensação, aqui encontra morada no amor dos amigos e familiares.

Velson D’Souza em Silvio Santos Vem Aí (Ph: Andy Santana)

SILVIO SANTOS
Com apenas três apresentações o musical precisou ser interrompido por conta da pandemia de covid-19, mas antes disso deu para sentir a energia do público. “E foi tudo muito incrível! A recepção foi maravilhosa. As pessoas embarcaram no clima do espetáculo e eu senti um calor humano que não sentia há muito tempo no palco.

O público que acompanha o Silvio Santos é o da melhor idade, devido as referência apresentadas, e nas primeiras apresentações as fãs do comunicador apareceram em peso: “A expectativa com esse público era realmente grande. Porém, foi surpreendente a quantidade de jovens que vieram assistir aos primeiros espetáculos. Eu acredito que o nosso público é muito diverso. É indicado para todos. E apesar de termos algumas referências específicas que só uma certa geração vai lembrar. As pessoas vão se divertir muito, mesmo que não ‘saibam’ quem é Pedro de Lara.

HOME OFFICE
A rotina dentro de casa exige mais concentração e foco. “Eu gosto de criar um cronograma de trabalho. Eu estou acostumado a trabalhar de casa, pois nos Estados Unidos, tecnicamente, o ator trabalha muito de casa. Os testes em sua maioria, são feitos em ‘self tape’ e só as fases finais é que são presenciais. Como diretor e roteirista, também.

Eu acho bem difícil se policiar para fazer tudo em casa, são muitas distrações, mas no momento atual, tudo que temos são as distrações em casa, então o trabalho passa a dar um propósito maior pra mim, me inspira.

Durante o isolamento social e a interrupção do musical do Silvio Santos, boa parte da equipe criativa, bem como atores presentes no espetáculo, encontraram uma forma de se reinventarem e deram vida ao projeto online ‘Home Office’. “Surgiu da necessidade de continuarmos exercendo nossa criatividade e nossa profissão, e quando olhamos para o grupo de artistas que estão conosco no musical ‘Silvio Santos Vem Aí’, nós pensamos que não poderíamos perder a oportunidade de fazer esse projeto com tantas vozes talentosas.

E todos abraçaram o projeto de forma incrível, a dedicação desse grupo me comove. E pensamos então num formato inovador e que fosse de fácil acesso a todos. E nada melhor que disponibilizarmos os episódios em uma plataforma de streaming.

Além de atuar, Velson também somou novas funções criativas na concepção da série. “Eu tenho experiência com produção de teatro e cinema. Tenho uma produtora nos Estados Unidos e um concurso de roteiro onde sou sócio-fundador e produtor. Então acumular funções não é muito novidade pra mim. O maior desafio é justamente fazer o trabalho de muitas pessoas em apenas quatro/ cinco pessoas e sem sair de casa.

No começo eu percebi que estávamos trabalhando 10 horas por dia. Eu e Emílio Boechat às vezes trocamos mensagens às 4 da manhã para decidir coisas da série. O Emílio já virou noites editando alguns episódios. Então, passou a ser algo que me dá propósito num tempo tão difícil, em que tudo está parado.

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TV OU STREAMING
O isolamento social culminou no maior consumo de produtos via streaming, mudando hábitos de consumo e impactando no futuro do entretenimento. “Isso [isolamento] somente acelerou um processo que vem há muito tempo se tornando realidade, e já consolidado nos EUA, que é o streaming, e o surgimento de uma gama de opções de entretenimento. Mas eu acredito que nada irá substituir o ‘ao vivo’ do teatro, cinema, casas de show. O que mais vejo é o surgimento de novas maneiras de se fazer entretenimento, não sei se todas continuarão pós pandemia, mas com certeza o ‘on demand’ e as plataformas de streaming vieram para ficar há tempos.

Se mantendo atualizado, Velson revela quais são as séries favoritas desta temporada de quarentena: “Atualmente estou assistindo a segunda temporada de ‘Jack Ryan’, e amei ‘La Casa de Papel’. Mas assisti também: The Witcher, Miragem, Modern Love, Upload, The Office, Friends, Community, Parks & Rec, Todas as Mulheres do Mundo, Sessão de Terapia, A Descoberta das Bruxas, 100 Humans, Tiger King, Collateral Beauty, You, e alguns outros.

FUTURO DO TEATRO
Atento as adaptações do setor, os musicais deverão sofrer com estes ajustes, para conseguir se manter vivo no entretenimento com as devidas precauções. “A sociedade como um todo terá de se adaptar a uma nova realidade até que uma vacina seja distribuída e todos imunizados. Eu acho que nosso meio terá que ser mais criativo ainda na criação de novos formatos e conteúdos. Temos que encontrar soluções diferentes, inusitadas, que nos proporcionem entregar produtos de qualidade e continuar exercendo nossa profissão com muita criatividade. Não há outra opção.

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A série ‘Home Office’ é um exemplo claro, onde vários talentos se uniram para um bem maior, continuar levando o entreter à casa das pessoas, de uma forma que o ofício do ator seja explorado em suas varias facetas.

A série está indo muito bem. Estamos vendo algumas possibilidades de vender ‘Home Office – A série’ para a televisão ou alguma outra plataforma de streaming. E também, possibilidades de patrocínio para essa e a próxima temporada, pois sim, já pensamos na segunda temporada.

O ano de 2021 deverá ser cheio de projetos tanto por aqui quanto de volta à L.A. “Tenho alguns outros projetos que foram adiados. Escrevi um longa e uma série que quero colocar em produção num futuro próximo, provavelmente segundo semestre do ano que vem. Tenho também um curta para dirigir, que aconteceria em Julho deste ano, em Los Angeles, mas tivemos que adiar para o ano que vem.

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Andy Santana

CEO do Soda Pop, fotógrafo, inquieto, formado em moda e que ama música. Não exatamente nesta mesma ordem!

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