#Entrevista: ‘Fada dos Musicais’, Sara Sarres comenta o título e fala sobre carreira e projetos futuros

Um dos maiores nomes do teatro musical brasileiro, Sara Sarres, estrela seu 16º musical que inclui em seu extenso currículo dublagens, aparições em campanhas publicitárias, novela e agora também sua nova futura profissão: fonoaudióloga. Confira a entrevista com a artista que revela os próximos passos da carreira e as glórias que levaram a diva ao lugar de destaque que ocupa hoje no cenário teatral.

Soda Pop: Sara, são quase 20 anos de carreira, mais de 15 musicais no currículo, qual balanço que você faz nesta sua trajetória com o teatro musical brasileiro?
Sara Sarres: Chegamos em um lugar de excelência, com certeza. Hoje o Teatro Musical Brasileiro é não só referência em desempenho, mas também em criação. Somos uma fatia grande e extremamente produtiva de uma indústria criativa pulsante, vibrante, que movimenta muito positivamente não só a arte e cultura mas também a economia do nosso país.

SP: Dentre todos os musicais que você já participou, teve algum que te marcou mais e por quê?
SS: Muitos na verdade, cada um em seu momento e sua razão peculiar. Acho que um que me transformou muito foi a Aldonza de ‘O Homem de La Mancha’. Eu a vivi em três momentos distintos e amadureci bastante na pele dela. É uma delicia poder aprender sobre a própria vida com nossas personagens.

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SP: Você também tem forte ligação com a ópera. Tem algum personagem que seja preferida e alguma que sonhe em fazer? É algo que você ouve no dia-a-dia?
SS: Amo Ópera. Amo tanto que quando penso em favoritos vou por compositores rsrs, impossível escolher uma só, o sonho da vida seria poder fazer uma Violeta na ‘Traviatta’ ou uma Lucia em ‘Lucia de Larmermmor’. Infelizmente no Brasil o movimento operístico é tão desvalorizado… Exportamos tantos talentos, mas mesmo assim os grandes teatros ainda cultuam a priorização por talentos internacionais, privando os cantores brasileiros de mais oportunidades. Precisamos apoiar mais a ópera por aqui também!

SP: Como foi a experiência de excursionar com “O Fantasma da Ópera” em turnê mundial? O que te acrescentou profissionalmente esta vivência? Participaria novamente de um projeto internacional?
SS: Me acrescentou não só profissionalmente, mas como ser humano. Ter numa mesma companhia integrantes de quase todos os continentes, diversos países, te torna mais humano. Poder se aproximar e vivenciar a cultura do outro te preenche de riquezas inenarráveis. Amaria participar de outro projeto ou levar algo genuinamente nosso pelo mundo.

SP: Neste momento conturbado para as artes, você passou por 2019 estrelando dois grandes musicais e já está prestes a estrear um novo.
Como é emendar tantos trabalhos, há tantos anos? Como fica a vida pessoal e projetos paralelos com essa rotina?

SS: Na verdade foram 3. Encerrei a temporada de ‘Annie’ no fim de janeiro já ensaiando ‘Billy Elliot’ e logo em seguida a ‘Escola do Rock‘. Por incrível que pareça foi um ano muito conturbado, perdi meu pai na estreia da ‘Escola do Rock’ e com isso meu mundo parou, apesar de estar trabalhando como nunca. Jamais teria conseguido ser tão resiliente sem as pessoas que me ampararam. Importante termos pessoas, né? Aquelas poucas que só de te olhar te abraçam. Elas inclusive seguem sendo minha fortaleza nesse período tão importante de isolamento social e faço questão de estar o máximo em contato, mesmo que virtual.

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Como praticamente emendo trabalhos há quase 20 anos, essa pausa forçada tem sido preocupante economicamente, mas também importante para muitos projetos que eu sonhava em desenvolver. Num âmbito mais geral obviamente vejo como mais importante o despertar do olhar coletivo e o quão emergente isso se faz. Para nós artistas acredito que o entendimento é mais rápido, afinal o teatro é a arte do coletivo mas obrigatoriamente o mundo está clamando por uma nova ordem, novas prioridades, a de olhar o outro, cuidar do próximo, zelar pelo todo; o que faz a cabeça pulsar com novas ideias. A vida pessoal segue reclusa mas os projetos para esse momento e para quando isso tudo passar estão voando.

Migrei o meu Studio S para minha loja online Casa da Voz e o transformei num espaço virtual de aperfeiçoamento pessoal e artístico. Todos são bem vindos e boas idéias também. Tenho dado aulas de canto e consultorias online, acredito que usar esse tempo para nos aperfeiçoarmos enquanto seres humanos e artistas será primordial para ultrapassarmos esse período de maneira positiva para nossa arte, cultura e educação. Inclusive quem não tiver condições pode entrar em contato e abrimos um canal de diálogo para estudar possibilidades e fazer a prática acontecer. Os agendamentos podem ser feitos em www.sarasarres.com/aulaonlineno e nos instas @ssarres e @casadavoz

SP: ‘Charlie e a Fantástica Fábrica de Chocolate’ é um musical alegre, divertido, colorido, que comunica bem com crianças, mas também traz mensagens que conversam com os adultos. Fale um pouco da sua relação com o clássico e da sua nova personagem.
SS: ‘Charlie’ será um colírio para os olhos e um alento para o coração de todos nós que estaremos SEDENTOS por arte. O espetáculo estava há dois dias da nossa primeira preview (que é a primeira pré estréia) quando interrompemos as atividades e os teatros da cidade de São Paulo foram fechados.O período de ensaios foi incrível. Todos estávamos apaixonados com o resultado e não vemos a hora de mostrar tudo para o mundo. Minha Sra. Bucket segue guardadinha, cheia de amor para distribuir, logo logo.

SP: Como você lida com o título carinhoso de “Diva”, “Fada dos Musicais” e bordões como “Amém Sara Sarres”? Como é sua relação com os fãs?
SS: Fico sempre muito feliz com tanto carinho e me divirto muito. É maravilhoso ter fãs tão criativos e amorosos, apesar de continuar a não me ver assim.

SP: Muitos atores de musicais estão em produções para TV e plataformas de streamings, existe alguma vontade de seguir este caminho? Ou se aventurar como produtora de musicais?
SS: Sim, tenho muita curiosidade com outras mídias, apesar de já trabalhado com algumas, como minha participação na novela Dona Xêpa, da TV Record, e campanhas publicitárias. Quem sabe 2020 não me reserva novidades?!

SP: Além das estreias e eventos de musicais você pode ser vista também em pré-estreias de filmes. Gosta de cinema?
SS: Amo a 7a arte. Sou fã e adoro o ritual de ir até a sala de cinema. É uma experiência que não dá para ser substituída. As emoções acontecem lá de maneira diferente. Não vejo a hora de poder voltar!

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SP: Ainda sobre este universo, já teve convite para dublar algum longa ou animação? Se houver, você toparia o desafio?
SS: Sim, fiz várias dublagens para canais infantis. como Fox Kids, Nickelodeon… Amaria dublar um longa de animação! Quem nunca sonhou em dar voz a uma princesa Disney?!

SP: Atualmente você está cursando fonoaudiologia, como pretende conciliar as duas carreiras e por que da escolha desta profissão?
SS: Minha paixão pela ciência da voz me levou à fonoaudiologia, lá estou encontrando várias outras paixões. Espero, claro, poder conciliar arte e a ciência e poder contribuir na intersecção dos dois lados, desenvolvendo benefícios para ambos.

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Andy Santana

CEO do Soda Pop, fotógrafo, inquieto, formado em moda e que ama música. Não exatamente nesta mesma ordem!

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