Carol Ribeiro fala sobre o Oscar e a disputa de produções independentes
Neste domingo (25), acontece a premiação mais importante do cinema, o Oscar. Seguindo os protocolos de distanciamento e isolamento social, a Academia adotou medidas seguras para premiar os maiores nomes da sétima arte. Por aqui, a TNT transmite na íntegra o red carpet e comenta categoria por categoria, este ano o canal traz como apresentadores a veterana Carol Ribeiro e o experiente Tiago Abravanel.
Em uma época onde as produções favoritas estrearam no streaming e no on demand, algumas apostas começaram a ganhar formas e despontam os favoritos. Conversamos com a Carol sobre suas apostas, cinema nacional e muito mais, confira a entrevista:
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Soda Pop: Em mais de um ano de pandemia, a indústria cinematográfica foi uma das mais atingidas com o fechamento dos cinemas. Grandes produções não puderam ser lançadas nos cinemas e apenas nos streamings. Como analisa os concorrentes deste ano atípico?
Carol Ribeiro: Sinto falta das telonas, mas vejo que nos adaptamos e estamos presenciando um “boom” nas produções de streaming. Produções grandes com ares “hollywoodianos” e outras não tanto, mas boas o suficiente para estarem na disputa, e que talvez, não teriam tido chance não fosse essa situação. Posto isso na balança, vejo um Oscar mais democrático (e isso vai se intensificar daqui pra frente), e tanto a indústria quanto o público saem ganhando com essa abertura.
SP: Um fato importante do advento da pandemia, foi a participação de mais produções independentes. Quais são os filmes e documentários promissores para se revelar neste ano?
CR: “O Som do Silêncio” é um filme que talvez não estivesse na disputa sem as plataformas de streaming, mas ele se torna único por sua abordagem simples, roteiro bem escrito e atuação vibrante de Riz Ahmed.
“Nomadland” que apesar de tratar de um assunto social delicado, que a sociedade americana finge não existir, a diretora Chloe Zhao, com toda delicadeza, consegue fazer com que a gente se sinta ali, junto com a personagem de Frances, experimentando os sentimentos da personagem, e sem julgar. Temos “Crip Camp”, ” Time”, todos nos apresentam histórias relevantes e atuais q nos fazem refletir.
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SP: Depois da vitória de “Parasita” como melhor filme de 2020, o que podemos esperar das produções estrangeiras?
CR: Vejo a vitória de “Parasita” como um marco na academia. Acho que podemos esperar mais e mais filmes estrangeiros na disputa, e isso mostra uma vontade do público e o quão abertos estamos para absorver conteúdos – que no final, se encontram – de culturas diferentes.
SP: “Bacurau” apareceu em diversas especulações de sites especializados como um forte concorrente ao Oscar, entretanto não foi indicado à nada, o que poder ter afetado em sua campanha para Academia?
CR: Acho que a dificuldade de fazer campanha, devido a atual situação, pode ter sido uma barreira.
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SP: Quais filmes, atores ou diretores deveriam ter sido indicados ao prêmio neste ano?
CR: Sinto falta de “Destacamento Blood”, e uma indicacação de melhor ator para Delroy Lindo. Ator coadjuvante sinto falta dos pequenos Alan S Kim (Minari) e Helena Zengel (relatos do mundo), mas as categorias estão bem disputadas.
Jodie Foster por “the Mauritanian”, que também merecia uma indicação e Regina King como diretora por “Uma Noite em Miami”. A lista é grande.
SP: Este ano o protagonismo feminino marcou presença na Academia, como veem este momento histórico para o cinema?
CR: Um momento de alegria, mas um reconhecimento tardio, aquele “já vem tarde, mas antes tarde do que nunca”. E um carimbo de que daqui pra frente podemos esperar mais abertura, mais diversidade. Não há como andar pra trás.